segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Back At One


(essa postagem trata do clipe, para entender, assista antes de ler)

O que aconteceu foi que eu fiquei cantando essa música - assim do nada - e resolvi ver o clipe dela. Fez tanto sucesso em 1999, quando foi lançada, que estranhamente ainda lembrava dela. Sim, pode parecer estranha a concepção dessa frase, mas eu não tenho memória boa, então, lembrar de uma música e da letra dela foi algo surpreendente. Enfim, isso não é o importante dessa postagem.

Como eu lembrei da música, naturalmente pensei "vou olhar para ver se tem clipe". Tinha. Assisti. Fiquei "eeeh~?" e estou assim até agora.

Tudo bem, a música se trata de um amor incondicional e como esse homem vai manter esse amor. Até ai, tudo bem, é uma música bem bonita, o Brian tem uma voz muito bonita e eu gosto desse tipo de sonoridade. A minha revolta foi o clipe.

Por quê? POR QUÊ?

Primeiro eu achei que ele era um tipo de anjo. Sério. Eu não pensei que ele estava morto! MAS ELE ESTAVA! Eu devia ter pensando nisso quando eu vi o avião, eu achei estranho o avião, na verdade, eu vi o clipe com uma qualidade muito ruim, e não era bem um avião, era algo e eu não dei muita atenção.

O clipe prossegue e ele pega carona com pessoas aleatórias. Eu não sei se elas estão mortas também, mas pensando nisso, acho que estavam também! Então, ele vai andando para casa e tudo faz sentido no final. Talvez o único tempo coerente da história é o da moça do começo, da mulher que ele ama.

Eu escrevo sobre pessoas mortas, raramente isso me afeta, mas de alguma forma, eu não queria que ele morresse porque a música é muito romântica. Deve ser essa a beleza de tudo, desse amor incondicional, que nem mesmo a morte pode afastar o cara de chegar na sua garota e dizer que a ama.

Vou manter essa ideia porque fiquei arrasada ao saber que ele estava morto.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Quando é que acaba mesmo?

Eu já esperei diversas ocasiões acabarem, contava os segundos, aborrecida, olhava o relógio e nenhum minuto tinha passado. Fazia tempo que não tinha essa sensação de estar presa a alguma coisa que realmente detesto ou de uma situação desconfortável. E como me sinto agora.

Mais algumas horas, eu falo a mim mesma, só mais algumas horas. Não parece ter fim. O final não chega, aquelas frases idiotas "chega o natal mas isso não acaba" fazem o sentido - e ainda continuam idiotas.

Quando não há mais energia, eu tento tirar de alguma coisa. Eles falaram para orar, que era uma boa maneira de se conectar as divindades e pedir por mais de muitas coisas que preciso apenas para não chutar alguma coisa, sugar a vida de alguém ou dar uma cadeirada em alguém.

Olho para fora e vejo um pássaro. A oração feita de qualquer jeito e com as minhas poucas forças, parece ter sido ouvida. Nunca me senti desprotegida ou longe das divindades, elas sempre estão comigo e trabalham comigo porque eu trabalho com elas. O pequeno pássaro passa rápido e por segundos, eu esqueço do horror que estou vivendo e contemplo o infinito.

Afinal, o que são minhas fraquezas e temores quando tudo é tão maior do que eu e do que eu possa pensar? Do que adianta sentir tanta raiva quando o mundo não pode ser movido por esses sentimentos? Realmente fez alguma diferença?

Então, o problema seria da sintonia. Eu tento ficar calma, ignorar tudo e respirar fundo. Se eu mudar a sintonia, talvez melhorem. É o que me falaram a vida inteira, então, lembro que não tenho mais a concentração que tinha antes, que me fazia viajar pelo infinito, a deriva do amor do universo, flutuando direto para os braços da Mãe Divina. Eu me esforço e nada acontece. Resultados não são tão rápidos para alguém tão incoerente.

Aquela garota de cabelos muito compridos veio ficar perto de mim. Ela parece tão serena em meio aquela confusão. Queria saber dos números que resumem o final de tudo - o final de alguma coisa, mas não do todo. Lembro que sorri um pouco.

Então, talvez tentar tenha válido a pena. Entre discussões, gritos,"só eu, por favor", "não é de deus", "não aguento mais", eu me vejo sentada, as mãos cruzadas na frente dos olhos, fechando os olhos e escutando o silêncio merecido. Demorou. Demorou uma vida para eu encontrar o silêncio no meio de tanto barulho, de tanta coisa, de tanta loucura.

Os segundos preciosos foram tirados e eu fui levada por outra onda de raiva. Não sou uma boa pessoa quando estou com fervendo de raiva. O primeiro sinal é que meu sadismo se torna ainda pior. Será que alguém fica bem quando tem raiva? Afinal, um pico alto desse sentimento e se pode encontrar forças para mudar as coisas. Nisso eu penso agora, na hora, nada fazia sentido.

Eu olhei para a cara dela e ri, mal suportando a mim mesma que poderia dizer dela? Porque isso e isso e isso. E eu olhando e pensando "o que essa estúpida está falando?". Jogar a culpa nos outros é fácil assim, mas não poderia me desculpar por algo que não fiz de errado, mas poderia pedir desculpas se era isso que ela queria ouvir e me deixar em paz. Foi o que eu fiz, murmurando um e leve isso com você e para longe de mim.

Aquela situação bem assim. As pessoas fazem as coisas com os recursos certos e vem falar que eu deveria ter visto que estava errado. Como poderia apontar um erro quando não vejo nenhum? Quando o que foi concluído não fazia o menor sentido? Quando todos estavam com os nervos a flor da pele, querendo apenas que tudo acabasse? Um após o outro, chegavam os problemas, eles também não teriam fim? Nada poderia ter fim? Se as coisas começam, elas devem terminar. Já dizia a Leilinha "tem começo, meio e fim" e como é que não vejo essa droga de final?

Então, fiquei no meu conflito pessoal de ser uma boa pessoa contra a minha terrível personalidade que falava "para que isso?". Uma situação ingrata foi criada por causa desse erro e pensei na possibilidade de adiar meu fim para dar lugar a mais sofrimento. A paz havia sumido e nem era lembrada, foi como se não tivesse existido. Tudo estava tão negro e doloroso. Quando fui questionada novamente sobre a situação, apenas respondi com meu pior lado "não me interessa mais, eu vou embora".

E quando estava indo, encontrei um dos meus favoritos. Não me importa o que digam dele, todas as coisas e todos os avisos que recebo por seu comportamento desvairado. Eu gosto dele e é simples assim. E ele sabe disso, porque eu falei seriamente uma vez, sobre um evento sinistro ocorrido, e ele sabe que sou sincera com ele. Eu não fui dura, estava tão esgotada que não tinha forças para ficar em pé, ele evitou me olhar porque eu sabia que sentia vergonha. Não lembro o que conversamos, as palavras fugiam da minha mente logo depois que proferidas, mas lembro de ter dito que acreditava que ele era uma pessoa melhor, que podia ser bem melhor. Eu achei que ele ia chorar, o mesmo sentimento que senti minutos atrás, quando sentimos que vamos nos partir em milhares de pedaços porque o peso do céu vai cair sobre nós - talvez Atlas não consiga segurar para sempre, vai saber?

Eu acho que sorri. Não sei. Ele limpou as lágrimas. Eu gosto dele, mas não posso fazer mais nada por ele. As coisas seguem de seu jeito, desejarei o melhor sempre, porque esse será de verdade e espero que tudo acabe bem - por que desejar outra coisa?

Quis correr para dentro do ônibus e fugir para alguma galáxia distante. Infelizmente, não foi isso que aconteceu e achei que ia direto para os braços do Barqueiro quando tive um acesso de tosse. Achei que ia cuspir um pulmão, ou talvez um pedaço da garganta. Bem feito, por pensar tão mal de tudo e desejar o mal a todos com tanta força. As leis divinas que eu tanto acredito, se aplicam com tanta rapidez e violência. Não posso ser uma pessoa tão dissimulada como era antes, existe ainda um restante de decência.

Foi isso.
Não o fim, o fim ele não chega. Só mais algumas horas. Só mais alguns minutos. Tudo volta a se repetir. outros protagonistas em cena, outro cenário curto dentro da mesma estrutura.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quando um colega chora...

Queria ter escrito mais antes. Não sei, fiquei com preguiça. A vida não estava seguindo de forma coerente, mas agora, penso que talvez não siga mesmo - e eu sempre sou muito controladora. De qualquer modo, apesar do que eu possa achar sobre como a vida deveria seguir, vou escrever como ela seguiu.

Não é novidade que sou professora e que já fiz algumas postagens singelas sobre a vida de professor. Acho muito fácil vir pai e falar mal, muito fácil vir gente e falar mal, difícil mesmo é admitir que não educou o filho e que o filhinho querido da mamãe é perseguido. Tudo bem, acho que já me queixei com todos sobre isso e recebi as mais diversas respostas sobre o que é mais fácil lidar do que admitir.

Eu poderia descrever alguns dos casos que tenho observado na escola, mas ao menos tempo, sinto certa ética para não fazê-los. Quem se importaria? As pessoas não gostam de ver certas coisas publicadas, ainda mais quando a questão é deles. Quem sabe eu consiga escrever sobre isso. Mas o que vim escrever é algo próximo a isso.

Não é a primeira vez que vejo uma professora chegar na sala dos professores, jogando o material e chorando. Isso não deveria acontecer, mas acontece.

A primeira professora foi presa dentro da sala de aula por alunos que acharam que podiam verificar a mochila dos outros atrás de um celular supostamente roubado. O que a escola fez a respeito do roubo do celular? Nada (por razões que não compensam ser ditas). Por essa razão, os alunos se juntaram para eles mesmos fazerem a investigação. Com isso, trancaram a sala com a professora e começaram a inspeção. A professora conseguiu sair porque ligou para um dos professores que fica na secretária e ele subiu para ajudá-la.

Na ocasião, eu estava na sala do lado e me lembro que fiquei até um pouco mais, arrumando o diário. Quando eu sai, eu não olhei para os dois lados - coisa que geralmente faço porque os alunos podem estar fazendo coisas que não devem, mas eu sai e não olhei. Quando a professora chegou, eu fiquei surpresa e exasperada pelo o que tinha acontecido. E também achei que a professora ia ter um troço, um ataque, sei lá.

Outro caso foi que uma aluna ameaçou a professora e queria bater nela. Tudo porque a professora pediu que a aluna fizesse o exercício e a criatura começou a xingar a professora, e depois quis agredi-la. Esse caso eu somente escutei as reclamações da professora em questão durante uma reunião e depois soube do estado de pânico que ela ficou na ocasião.

E ontem, outro caso. Lá estava eu, na sala dos professores, corrigindo o provão, quando a professora chegou, jogando o material e chorando sem parar. Um professor que estava comigo soube logo o que estava acontecendo e subiu para a sala e eu fiquei ali com ela, vendo os ombros sacudirem, ela protestar de tanto esforço e tanto carinho pela profissão, para receber uma chuva de bolas de papel e o fichário nas costas, enquanto ela passava a prova dela na lousa.

Um absurdo ver um docente naquele estado. E a forma que ela falava, a paixão pela profissão e para quê? Para sofrer violência física na sala de aula? Para ficar ouvindo os alunos xingando? Um bando de adolescentes mal criados.

Obviamente, a violência dentro da escola contra o profissional, ninguém se importa. Os alunos podem fazer o que bem quiserem - e muito deles o fazem. E de quem é a culpa no final? Dos gestores? Dos professores? Dos alunos? Da Educação? Da Sociedade? Eu sempre me faço essas perguntas e até posso responder por alguns dos lados,  mas as respostas não convencem e não são suficientes. Não sei porque penso nisso também, essa minha maldita coisa de querer racionalizar tudo e tentar achar soluções para as coisas. E quem se importa com isso afinal? Ninguém... Pois é.

Ao final, é somente uma forma de extravasar minha frustração.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Pichação

Eu não gosto de pichação! Simples assim!

Segunda-feira, chegando da escola, eu vejo uns skatistas fitando a minha casa. Entrei e eles subiram a rua e picharam o muro da industria do outro lado da rua.

Eu fiquei puta, claro. Eu odeio pichação! Existem tantas coisas que acho odiosas e é claro, que isso se encaixa nessa lista, tanto por ser algo odioso como uma violência. Exatamente isso, considero uma violência, por que seria diferente?

Meus pais vieram para esse país e se esforçaram para encontrar dinheiro, manter a família e comprar essa casa. Quem um maloqueiro acha que é para vir aqui e pichar o nome dele? Essa casa não é propriedade de um vagabundo, nunca foi e nunca será. Quando eu penso nos esforços dos meus pais e de tudo o que fizeram, eu fico puta em pensar que um cara veio e pichou declarando aquele ponto dele. Se tinha que ter uma pichação, seria com o nome dos meus pais!

Pichação é mesma uma maldição nessa cidade. É uma das coisas mais feias que se pode fazer com as letras. De grafite, eu gosto, ai sim está uma arte e tem toda uma história que consagra esse movimento, mas pichação não. Nunca gostarei.

Minha casa é pichada. O sogro do meu irmão consertou um pedaço do muro e vieram uns vagabundos pichar. Eu fiquei horrorizada e com muita raiva. Não, simplesmente não para essas pessoas. Se eu tivesse visto, tinha arremessado uma garrafa, vai pichar a casa da mãe.

Esse post era só para isso, para dizer que odeio. Odeio mesmo. Quero que se foda quem acha legal, piche a própria casa então e não vem fazer isso na minha.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Corrida de rua - XIII Troféu da Independência do Brasil

Eu fiz essa postagem na data certa e por algum motivo, não publicou, então, fazendo jus ao que já escrevi, postando novamente.


Hoje, dia 7 de Setembro, teve mais uma corrida de rua. Dessa vez, no Museu Paulista, aqui no Ipiranga - lugar histórico já que teoricamente, Dom Pedro proclamou a independência. do Brasil. "Independência ou Morte" uma escolha bastante razoável.

Mais de 6 mil inscritos para 5 ou 10 km. Meu irmão foi pelos 10km. Corrida que contou com quenianos porque o primeiro lugar recebia premiação em dinheiro. Nem preciso dizer como eles correm.

Ouvi pessoas reclamando da participação deles, já que a premiação do primeiro lugar era de R$ 800,00, mas se estão pagando, por que eles não correriam? Povo chateado porque não tem chances contra eles, e de fato, não tem mesmo. Mas amigo, são 800 conto, se acha pouco para um queniano participar, é pouco para você também.

Ao meu ver, não estava tão bem organizado quanto as demais corridas que já estive. Ficou confuso e os corredores dos 5km nem foram muito prestigiados porque a chegada deles era diferente da chegada dos 10km. Eu mesma fiquei nos 5kms e depois vi que estava errada.

Como sempre, a boa vontade do povo em aplaudir os corredores. Eu aplaudo a todos, eles fizeram seu esforço e chegaram até o final, mesmo que não seja nas colocações mais prestigiadas. Eu acredito que é importante dar apoio as pessoas na causas corretas e a prática do atletismo é solitária, se alguém aplaudir os esforços, a pessoa pode se sentir ainda melhor por ter completado aquele objetivo.

De qualquer modo, eu fui para a chegada dos 10kms. O queniano fez a prova em 30 minutos, simples assim quando se tratam deles, eles correm demais. Claro que aplaudi loucamente, ele nem parecia muito cansado e eu acho que ele correm com leveza, parece que nem tocam o chão, tão flutuando no ar. É muito legal ver eles correndo por causa disso.

Pessoal foi chegando e meu irmão mais novo chegou. Ele ficou impressionado porque eu aplaudia a todos e eu fiquei o.O. Parece normal fazer isso, claro que não faço o tempo todo, mas aplaudo. Ele chegou pouco depois do cego ter cruzado a chegada com seu acompanhante. Eu sempre fico feliz quando eu vejo essas pessoas, não pela dificuldade em si da corrida para alguém que não pode ver o caminho, mas sim pela total confiança na instrução do guia que vai com ele. A ligação entre os dois deve ser intensa, mesmo que não na vida particular, e sim no momento 'solitário' da corrida, eles não estão sozinhos, os dois correm juntos.

Meu irmão chegou pouco tempo depois. Como sempre, não deu para tirar a foto dele. Precisamos de uma câmera fotográfica melhor, que capture esses momentos rápidos. Ele ficou feliz por o outro irmão estar ali.

Relembrando High~


When you're close to tears remember
Someday it'll all be over
One day we're gonna get so high
Though it's darker than December
What's ahead is a different colour
One day we're gonna get so high
And at the end of the day remember the days
When we were close to the end
And wonder how we made it through the night
At the end of the day
Remember the way
We stayed so close to the end
We'll remember it was me and you
Cause we are gonna be
Forever, you and me
You will
Always keep it flying high in the sky
Of love

domingo, 12 de outubro de 2014

Pensamentos

"Algumas vezes, eu observava que a beleza de certas situações não se media pelo meu nível de vaidade. Bem longe disso. Na verdade, eu não deveria medir nada. A situação tinha surgido, eu não desgostava daquela criança, mas também, não podia suportar uma atitude como aquela. Havia certeza errada e uma atitude que era realmente equivocada. Me perguntava o quanto eu poderia suportar, quanto poderia lidar. Os olhos eram maliciosos, cheios de afronta. Quando eu respondi, eu usei tudo o que aprendi quando conheci pessoas que não fizeram as coisas certas na vida, foi como eles que eu falei com uma criança e então, ele tremeu. Em algum lugar, um instinto de sobrevivência apareceu, eu sabia porque ele cheirava a isso. Ele arregalou os olhos e,  por segundos calculados, considerou cada palavra dita da forma mais cruel possível. Quando eu me virei, foi que ele começou com as provocações, incapaz de ser direto, e eu voltei a reagir da mesma forma, o tom baixo que eu não utilizava em muito tempo. Então, assim como para ele, foi para mim também, aquele estalo que indicava o nível da situação. Foi um click de o que você pensa que está fazendo? não poderia ser assim, não poderia ser dessa forma. Estou treinando o amor e a calma, como poderia reagir assim? por que jogar tudo no lixo, meses de tratamento e de ponto de vista melhores. Talvez eu devesse ter posto meu nome na caixa de vibrações, talvez tudo sido gerado por mim. O encontro e o debate com a violência só geraria mais violência. Enquanto eu encarava a criança que fugia do meu olhar, notei que a situação havia ficado insuportável mas que poderia ser concertada. Não quis piorar mais, falei com o mesmo tom, ainda do jeito que aquelas pessoas haviam ensinado e falei a verdade a criança. Que eu tinha me preocupado com a situação dele, que tinha me interessado em ver ele melhorar, que pedira ajuda para a situação dele e que tudo o que recebi de volta foi hostilidade. Ele me encarou surpreso e descrente com as minhas afirmações.  Falei é triste que aja assim, esfaqueando por trás quem quer te ajudar, faz o seguinte, continua sem mim porque eu não gosto disso e não ajudo mais porque não merece. Ele abaixou a cabeça e eu sentei na minha mesa e pensei sobre o que tinha acontecido. Pensei sobre isso e aprendi um pouco mais sobre mim. Queria que o mundo fosse um lugar melhor, mas ele é justo com quem é justo e violento com quem é violento. Tudo na mesma moeda, tudo do mesmo jeito. Justiça por justiça, violência por violência. Queria que essa criança compreendesse isso. No entanto, ele não se importa. E eu, infelizmente, sim."

Libertação desses pensamentos porque isso está me matando.
Talvez quando eu ler isso no futuro, eu não pense que tenha sido tão errado como eu acho que foi.

Faz tanto tempo que não pensava nesse passado nefasto, as vezes eu me assusto com o quanto eu lembro e o quanto eu posso reproduzir de tudo o que aprendi. Ao menos, não aprendi só coisas ruins, muitas foram boas e outras revoltantes. Deve ser por isso que tenho pouca tolerância sobre o que as pessoas acham de coisas que elas acham que sabem a respeito.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Estagiário

Tenho um estagiário em minhas aulas. Nunca pensei que aconteceria comigo, que iam mandá-lo para outro professor, no entanto, ele está na escola para ver minhas aulas. Sou a professora de História com mais aulas no fundII, seria natural que ele me escolhesse. 40 horas de estágio.

Soube ontem que ele iria fazer estágio comigo. Na verdade, fui perguntada se ele poderia me acompanhar. Quis dizer não, mas disse sim. Logicamente eu era a melhor escolha. Fiquei pensando que deveria ter dito o que queria, mas também, eu sei que seria idiota da minha parte.

Fiquei pensando e pensando, achando que ele ia me julgar pela forma que eu dou aula. Eu tentei não julgar a professora com a qual fiz estágio. Claro, na primeira vez eu achei estranho, mas depois que entendi o contexto de tudo aquilo. Apesar de tudo, eu me sentia tão pouco a vontade de entrar na sala e assistir a aula, ver o desrespeito dos alunos com uma pessoa idosa. Ficávamos ali, eu e o Takuto, cercado das crianças que queriam saber quem éramos, se éramos mesmo do Conselho Tutelar. Única coisa que importava.

Todas as coisas que escutávamos das crianças e o desamparo daquela professora fazem eco nas minhas falas com o professor estagiário. Tão estranho pensar que eu pensei que a professora estava desacreditada e agora, eu também estou.

Isso só reforça a ideia: o que eu estou fazendo lá mesmo?

O professor estava animado, fazendo perguntas, querendo saber o máximo. Eu até ri, achando graça. Tive que perguntar se ele queria mesmo aquilo para a vida dele e ele meio que explicou o que estava fazendo ali. Mas como sou a favor de mudar os dinos da educação, não o desestimulei mais (as crianças farão isso por mim!).

Nossa primeira parada foi na 7B, com as crianças que acreditam que tem todos os direitos do mundo e a todos querem processar, sem pensar que tem deveres também. Primeiramente, eu disse que não podia falar porque ele estava ali, só que ele ia fazer anotações do grupo. Obviamente, as crianças ficaram atiçadas, o cercaram e fizeram perguntas. Vieram me perguntar se ele era mesmo um estagiário e eu tornei a responder que não podia falar a respeito. Pura maldade, Amei ver a cara deles pensando em diversas coisas, meio acanhados e muito curiosos.

O que a presença dele contribuiu? As crianças dessa sala tem brincadeiras muito violentas e não praticaram nenhuma traquinagem - tipo puxar a cadeira do colega quando ele tá sentando, jogar lápis de um lado a outro da sala e tapas, muitos tapas. Sim, eles fazem isso o tempo todo. Você pede para parar com isso antes que alguém se machuque e o que você escuta: ai a gente sempre brinca assim, não machuca ninguém. Claro, até a hora que machucar ne?

Próxima parada 6B. Contribuição: A sala não pareceu o hospício que é. As crianças não estava gritando e as garotas mais assanhadas foram lá falar com ele e mostrar seus dotes. Eu revirei os olhos e ri. O menino que se diz perseguido por todos os professores sentou lá para conversar com ele. Por que ne, nós professores ficamos perseguindo ele, dando nota baixa e tudo mais. Ele fica correndo, mentindo e xingando a aula toda, mas de alguma forma, somos nós professores que perseguimos o coitado e que tudo o que ele faz não está errado. Adoro a falta de bom senso dos pais e a super proteção no ego para não admitir que criou um demônio.

O professor foi embora depois. Tive que contar a todos que adorei ter ele na sala porque foi a primeira vez que sai da 6B sem dor de cabeça (como aquelas crianças gritam...).

No final, a experiência que achei que seria desagradável e que me faria sentir mal, acabou mostrando-se outra coisa. Eu notei que eu realmente me esforço, mesmo quando eles não estão nem ai. Que tento explicar as coisas, trazer para o contexto dele e dou vários exemplos de filmes e, embora, eles me olhem muitas vezes por olhar, algumas vezes, ele sorriem e acenam com a cabeça, entendendo a ligação. Acontece uma vez ou outra, mas ao menos, acontece.

Quando fazia estágio, falaram que não deveria ficar na sala dos professores que era o pior lugar do mundo. Eu mesma me encontrei nas falas que tanto detestei, Não sei quando foi que a escola passou a ser um mundo a parte, cheio de mentiras, ressentimentos e adversidades. Não deveria ser assim, não deveríamos ver os alunos como adversários ou a gestão como adversários. Me vejo dentro de um sistema que se consome sozinho e a razão falta: a sala dos professores é mesmo o pior lugar de uma escola.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Nostalgia: Aquarela

Foi aquele momento que pensei "vou ouvir algumas músicas brasileiras" na tentativa de me animar para escrever alguma coisa. Claro que foi um fracasso. Coloquei logo meu comercial favorito e senti a nostalgia maravilhosa.

Do tempo que havia certa significância em ver as propagandas e quando as músicas não eram sobre putaria e eram bem compostas. Não, em meu tempo as coisas não eram melhores, mas a atualidade parece mais triste do que eu posso lembrar do meu passado.

Acredito que guardamos algumas das melhores lembranças de nossa infância e somos levados a acreditar que em tempos passados, as coisas eram melhores. É um engano. O mundo sempre foi mundo, muito antes de qualquer um de nós achar que sabia algo sobre ele. Nossa concepção do que era bom ou justo ou sobre a ética mudou, nos adaptamos aos novos tempos, as novas tendências e nos deixamos levar por tudo isso.

Os tempos antigos eram sombrios e os atuais continuam a ser. A esperança seria acreditar que vamos conseguir, conseguimos antes, mas agora, não existe mais a mesma vontade. Conversa chata, melhor ir ver o que tem no face ou ler as "novidades" dos meus amigos - que na verdade não são novidades e não falam de nada que vá me menos entendiado, mas ao menos, é melhor do que pensar. O imediatismo feliz.

Na minha época tinha o "É o Tchan". É melhor do que a novinha e o lance do trampolim? Não sei, a Carla e cia apareciam na TV dançando de forma provocativa. Dali para cá, o velado foi tirado e o tema em si, exposto. O que isso significa? Para mim, mal gosto. Já era ruim É o Tchan, a música perdeu a sonoridade (não era trabalhada antes, mas tudo bem), ficou na batida básica e numa letra vulgar que não rima com coisa alguma.

Enfim, nem sei porque comecei a falar disso. Talvez puxe a temática para uma outra oportunidade. Agora sim, do que vim tratar nesse post.

Certamente que dever ser uma das melhores propagandas já criadas. Ela se encaixa perfeitamente, vendendo o produto da Faber Castell com uma música de melodia e letra fantásticas. Não há mais o que ser dito - na verdade há sim - a propaganda fala por si própria.


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo...



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Meta de reunião... oi?

Desde que entrei nessa escola, tenho participado de muitas reuniões. Não sou uma pessoa que se opõe a isso, muito pelo contrário, eu gosto de reuniões. Talvez meu conceito disso seja errado, geralmente eu estou participando de eventos que um fala - monólogos e quando o debate é aberto, ele não acontece porque um atropela a fala do outro.

Tenho uma estranha crença que quando uma reunião é convocada, vamos estudar alguma proposta e estabelecer metas. No entanto, a realidade tem se mostrado bem diferente do que eu acreditava que seria uma reunião. E quando digo diferente eu quero dizer muito longe mesmo!

Embora eu tenha reuniões semanais, elas parecem ser mais do mesmo, repetição após repetição do mesmo assunto, sempre com poucos detalhes novos ou personagens novas. As conversas são as mesmas. A reunião começa de um jeito e termina igual. É uma reunião de pessoas que estão lá por obrigação e que fingem que se importam. Não sei se elas já esgotaram o que podiam fazer ou nunca tentaram ou não se importam mesmo.

Eu posso facilmente não me importar, mas gostaria que meu tempo não fosse desperdiçado - porque eu posso não me importar e fazer algo de útil no lugar. Existe uma pauta, existe um conteúdo, existe pessoas e existe opinião. Valores são mostrados apenas para falar mal de superiores, criticá-los sutilmente e receber sorrisos de cumplicidade com atitude tão antiprofissionais.

Talvez eu seja a errada nisso tudo. Quando sei que um ambiente de trabalho deve ser de trabalho, que as partes tem que se juntar porque elas estão ali para isso. Eu vejo dessa forma equivocada, quando todos aos meu redor estão trabalhando em conjunto para não resolverem nada e falarem mal dos chefes - porque isso sim vai trazer alguma melhoria para a condição de trabalho ou um aumento de salário.

Brasileiro tem essa passionalidade, não separa nada. Até hoje acho esquisito as pessoas que trabalham juntas se cumprimentar com beijos (no ambiente de trabalho) ou um repórter beijar o rosto de alguém que vai entrevistar (acontece direto na Liga). Podem falar: isso é cultural, mas para mim, ainda dá uma má impressão de profissionalismo.

Até parece que sou profissional, bem, eu tento ser. Acho que isso vai tornar meu trabalho produtivo - num campo tão distante e perdido como o da educação; e vou me sentir menos incomodada em realizar minha tarefa - mesmo com as condições difíceis e o que eu aturo em sala de aula.

Ao final, as reuniões não servem para nada, mas somos pagos para estarmos nelas. Eu escuto monólogos que não fazem sentido e longas indiretas, esperando algum desavisado tomá-las para si (como já vi acontecer). Num campo escolar, onde todos jogam contra todos e sempre tem alguém querendo puxar seu tapete, eu acredito que estou esperando o mínimo de educação de quem tanto pede por isso e eu sei que não vou ter retorno.

Só mais um desabafo. Tanta coisa errada naquele lugar que toda vez me pergunto: o que eu faço aqui mesmo?

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Educação para quem?

O que fazer?

Iniciar uma postagem com uma pergunta como essa, já sugere que estou perdida em relação a isso. Quando comecei a escrever essa postagem, abri arquivos de pdfs e parâmetros curriculares para apoiar o que iria escrever.

Hoje, finalmente, entendi que o menino que senta com a mesa colada na do professor não faz os exercícios por um motivo bem simples: ele não sabe ler ou escrever. Ele mesmo me relevou isso e quando mostrou o caderno e as tentativas dos professores de ajudá-lo a decifrar as letras, eu pensei que as coisas na escola estavam bem piores do que eu supunha - e eu joguei o pensamento lá embaixo e é pior do que isso.

Eu disse a ele que iria tentar ajudá-lo, que iria passar exercícios e tudo mais. Perguntei como ele havia chegado a 6ª série sem saber o básico e ele respondeu: foram me passando. Ele deu um sorriso sem graça, acho que ficou constrangido com a cara que eu fiz ao ouvir isso. Foram me passando? Verdade?

A despeito das políticas educacionais e de todo um histórico de achismo por parte do público em geral, essa ideia de não reprovação era algo antigo e foi instaurada. A princípio porque iria ajudar o aluno, em seguida ou imediatamente, porque era bom não repetir mais ninguém, a máquina ia continuar funcionando e os alunos iam perdendo a qualidade de ensino conforme os anos.

O que acontece com esse aluno que passou sem saber o conteúdo? Ele vai continuar assim. Pressupõe-se que você saiba conceitos para continuar as matérias e seu aprofundamento em certos temas. Se esse aluno foi aprovado pela máquina do governo, como é que se espera que ele entenda os novos conteúdos se ele falha no básico?

Pior do que mais errado é a insistência do governo em manter algo que não funciona. A estrutura arcaica do ensino não está ajudando docente ou aluno. A estrutura da escola não ajuda também. Os prédios não ajudam. Uma série de fatores que posso listar rasamente diz muito a respeito do porque não funciona.

Tendo o caso desse aluno como exemplo, ele disse o que eu sabia. Eu sei o porque dele estar na 6ª série sem saber o básico do básico. Ele não repete. Ele, como criança, não se importa, quanto antes sair da escola, melhor. Ele, como cidadão consciente, não existe. O que vamos deixar para a sociedade do futuro, se esse garoto é apenas um exemplo de algo tão comum?

A aprovação automática é ruim. Os conteúdos são ruins. É esperado que os alunos saibam coisas somente para o vestibular e nada mais. E para quê? Quanto é a taxa de aprovação em faculdades sérias e de abandono de curso? Existe todo um sistema errado e que funciona para propósitos claros, nenhum deles inclui educação de qualidade ou cidadãos decentes (porque se incluíssem, teríamos "ética" e "política" para as crianças).

É o total e severo o abandono em uma instituição que forma outras profissões. Claramente visto no salário ridículo pago aos professores.

Eu não gosto de escrever sobre essas coisas porque é mais do mesmo. Sou professora de História, no meu curso, eu não tive alfabetização de crianças... Então, a pergunta continua: o que fazer com esse garoto? Que se vire que não é problema meu? Tentar dar alguma lição sem o menor conhecimento de como isso pode ajudá-lo de fato? Esquecer que tem mais 40 alunos na sala e que cada um deles está num tempo diferente e que isso causa conflitos de interesses? Falar para a mãe 'o que espera que eu faça? eu não sei ajudar seu filho'?

Ideias foram jogadas. E não sei o que fazer com elas. A pergunta continua: O que fazer?

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Meia maratona - Run The Night

Com a ascensão do meu irmão para o status de corredor, eu tenho acompanhado ele em diversas corridas para suporte técnico e moral. Sábado passado fomos a USP para a primeira corrida noturna que ele participou. A "Run the night" era da Caixa com a Iguana Sports. Foi a primeira noturna para o revezamento.

Essa foi a primeira que meu pai foi também. Ele parecia animado.

De fato, as corridas são bem divertidas. Eu mesma estou pensando em começar a praticar porque me sinto motivada cada vez que vou e vejo o pessoal cruzando a linha de chegada e a superação de metas pessoais. Mas como todo o esporte, preciso ir ao médico antes para me assegurar que a saúde é boa o suficiente para isso. Claro que fazer exercícios é bom para o corpo, mas como eu já vi gente infartando depois de correr, creio que o estado físico para a prática talvez seja o mais importante.

De qualquer modo, estávamos lá na USP, muito cheio e muito mal sinalizado. O local do evento parecia o de uma rave, inclusive com tinta fosforescente e pessoas dançando. Até ai tudo bem, o pessoal aparece e sempre faz festa, ainda mais a noite. Não havia visto nada similar porque sempre vou acompanhar meu irmão nas corridas de manhã.

E tinha bastante gente que não ia correr - iria depois por causa do revezamento - e que estava ali, zanzando de um lado para o outro. Assim como muita gente que não ia participar e estava ali, também zanzando de um lado para o outro.

Os solos, quartetos e duplas saíram todos juntos. Achei estranho porque geralmente temos a cronometragem de cada um e os grupos aos quais eles pertencem. Bem, isso pode ser superado. Meu irmão disse que estava bem sinalizado o caminho do percurso - já que cada grupo distinto tinha seu próprio percurso para completar os 21K.

Até ai, tudo bem. Algo que me incomodou era que não tinha sinalização para os expectadores sobre o caminho. Assim como não tinha nada para quem estava na USP aquela hora em sua prática de exercícios. O que começou a acontecer? Pessoas cruzando a pista do percurso a todo instante, cães e crianças no meio da rua, pessoas com bicicletas. Achei ruim. Qualquer um sabe que na prática de qualquer esporte é necessário concentração e que corridas são algo solitários e de superar limites, agora, o cara já tá preocupado em alcançar seu objetivo e tem que ficar desviando de pessoas? Chega a ser falta de respeito com o corredor, afinal, ele pagou (e não foi barato) e teve que desviar de pessoas que não sabiam ou que não podiam respeitar isso.

Infelizmente, muito mal sinalizado. As pessoas esperando seu amigos e iam cada vez mais para a rua, onde os corredores estavam passando. Sabe, o cara tá correndo, ele tá concentrado. Dai do nada, surge uma pessoa na frente dele. Teoricamente, o caminho deveria estar livre, mas não estava. E o pessoal também não podia colaborar, tinha que ficar atravessando a pista entre os os pelotões.

E sem contar o desrespeitos dos próprios corredores com os outros corredores. Cada um tem seu tempo para correr, o importante é terminar a prova. Não é porque eu terminei que eu tenho que ficar no caminho dos outros, estorvando. Ao que parece, meu pensamento simples e claro, apresenta grandes dificuldades para entrar na mente dos outros. A falta de respeito nessa terra aqui é generalizada, nem consigo prever algo para anos a frente.

Meu irmão terminou a prova, xingando por causa da falta de respeito dos outros participantes e do público em geral. Infelizmente, podia ter sido melhor organizado (não ficar contando que as pessoas vão respeitar porque elas não vão) e melhor sinalizado.

Medalha de finisher
E no final, não tem jeito. A melhor corrida, a melhor organização, o melhor incentivo foi da Golden Four ASICS (São Paulo realizado em 03/08). Isso sim foi uma excelente corrida para o corredor e para quem estava assistindo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O surrealismo da reunião

No começo, eu achei que era porque eu estava meio cansada. Eu dormi quase 10 horas, mas não parecia suficiente. Estava sentada ali, alguns que estavam presentes, eu sabia que eram professores, reconheci a coordenadora e tinha aquele monte de gente que não fazia ideia de quem era. Tudo bem, professora nova e ninguém se preocupou muito em me informar nada - claro, devo ter cara de adivinha.

Depois eu me toquei que aquelas pessoas com alunos, eram pais. E eles iam participar da reunião porque os filhos deles tem problemas de disciplina. Até então, achei mais que justo porque os pais deveriam se preocupar com o que os filhos fazem e se interessar pela melhoria deles.

Eu me senti uma intrusa num espaço que faço parte, enquanto a coordenada falava de um lado e as mães retrucavam do outros. Crianças incorrigíveis, tentei de tudo, não sei mais o que fazer, já tirei tudo dele e ainda estou sendo chamada para as reuniões. Pensei: Deuses amados, o que há de errado com tudo isso? Como essas pessoas podem afirmar isso? Porque elas não parecem preocupadas? Por que muitas olhavam como se fosse um saco estar ali cuidando de algo que elas geraram?

Largou o filho no mundo. O mundo cuida. Cuida bem, viu? O mundo cuida daquele jeito, bem redondinho.

Me espantei com o que escutei. A gente sabe como são as coisas, mas quando ouve as conversas, começa a achar que é brincadeira. Tinha gente preocupada, gente que estava se esforçando. Educação vem de casa, a escola é complemento para o crescimento da criança como cidadão, seu direito ao estudo para não ser um completo imbecil. Os pais estavam se esforçando, não era a primeira reunião deles, seria a última.

Posto as palavras de apelo da coordenadora "não tenho filhos, mas penso que essas crianças são parte do nosso legado para a sociedade", alguns pais ficaram constrangidos. A mulher estava certa, o que poderiam falar? Uma das crianças deu de ombros, em sua total postura de tanto-faz-quero-que-se-foda. Acreditei ser abusivo, depois de tudo, ainda tinha a pachorra de dar de ombros e olhar com desafio. Querido, provavelmente, aquela mulher é a única que se importa com o que você possa ser e você, cego, claro que não pode ver isso.

Pensei em falar, me dirigir as crianças que apareçam com pais, falar diretamente. Não fiz nada, minha primeira reunião, porque iria falar alguma coisa? Que falassem o que deveria ser falado, que colocassem para fora as ofensas sofridas na sala de aula. Todo mundo diz que os professores não tem controle, por que essas pessoas não entram lá e tentam dar uma aula? O sistema de ensino é arcaico, conte-me mais, por favor? Como mudar algo se as pessoas de cima preferem assim? Quando o governo prefere assim porque assim tá bom?

A parte que fiquei boquiaberta foi quando a mãe de uma garota falou que, na verdade, a culpa era da escola. Foi quando eu achei que tinha escutado o suficiente. Todas as pessoas tem suas dificuldades, mas é sério mesmo isso? Sério que vai falar algo assim? Ok, me isento agora de minhas responsabilidades, estou aqui e o que vocês estão fazendo por ela? Cadê a parte de vocês?

Quando eu fiz meu curso de acd, eu tive uma aula de psicologia infantil, não foi o suficiente e não sou especialista, mas foi-me dito algo que reconheço sempre: os filhos imitam os pais. Se o pai não se interessa, o filho não vai se interessar. A questão desse curso era: como o pai pode pedir para os filhos escovarem os dentes depois das refeições se eles não o faziam? Como esperam que as crianças assimilem o gesto se não os praticam? Pais pedem para que os filhos leiam, mas o que eles leem? Os filhos assistem os pais lendo alguma coisa?

Foi quando a voz da consultora do curso veio na minha mente, enquanto eu escutava a mãe em seu discurso. Cada pessoa com suas dificuldades, mas ainda assim, aquelas crianças são de seus pais e serão da sociedade. Que tipo de pessoas esperamos formar sendo que a mais básica das educações não temos?

Me senti mal, pensei novamente que estava no lugar errado. Eu tenho essa coisa de querer trazer o melhor das pessoas, de acreditar nelas. Sempre acabo achando que as pessoas são mais do que elas mostram, que elas podem ser melhores a cada instante e sempre me decepciono. Espero coisas dos outros e eles não tem o porque de me fazerem nada disso. Interesses divergentes, pouca instrução, falta de vontade, assim tá bom.

Estou lá, será um aprendizado para mim. Farei meu melhor porque é uma questão importante. Não vou ter expectativas e não vou permitir que matem a esperança dentro de mim. Não posso nem falar pelo dinheiro porque seria, realmente, uma piada cretina.

Respeito é bom. Todos gostam dele. Mas como é algo muito valorizado, ele é facilmente esquecido ou posto de lado por aqueles que tem (e posso contar muitas histórias sobre isso) e totalmente ignorado pelos que não tem.

Senti vergonha. Senti repulsa. Fiquei chateada. Pensei que meu melhor não era o suficiente, eu não tenho o suficiente para fazer qualquer mudança. Quis acreditar. Quando entrei na sala a tarde, olhei para os alunos, abaixei a cabeça e ri. Fiz meu melhor, vi que não era suficiente. Tentarei outro método e que os Deuses me ajudem.

A gente vai levando, a vida é assim, uma pancada depois da outra depois da outra e depois da outra. No final, a gente sabe dançar samba, tem carnaval e futebol, quem precisa de mais?

Novo layout

Acabei pensando que conseguiria postar todos os dias, mas percebi que preciso de um tempo para isso. Estou com horários cheios e quando não, estou cansada. Não sei porque decidi ser educadora, do jeito que as coisas andam, estou apenas me desgastando e a pergunta que sempre fica sem resposta: a troco de quê? Antes de falar sobre isso - e cara, eu posso falar muito sobre isso, comunicar a mudança do meu layout.

Claro, eu amava minha junjou egoist - a melhor de todas, e nem sei quanto tempo aquele layout estava por aqui (na verdade, eu deveria rever postagens passadas e descobriria!). Sempre que mudou o layout, eu me comunico a respeito.

Ainda versão 6... Realmente, eu abandono meus projetos por preguiça. Muito feio de minha parte. A música é essa do Genesis, do meu álbum favorito deles <3 nbsp="" p="">

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Depois de muito tempo...

Estou pensando seriamente em reativar esse blog ou fazer outro. No entanto, pensei nos anos desse projeto e considerei que era algo a ser levado em conta, mesmo que por muitos e muitos meses (anos), tenha ficado entregue ao destino e a web sem muito cuidado.

Eu gosto muito de escrever. Talvez devesse mesmo voltar com o blog. Pensei na ideia de ter outro e me livrar de algumas das coisas postadas aqui, mas então, novamente percebi que não poderia desfazer o que era ou o que tinha gostado. A vida muda e nós também.

Agora, vou voltar com o blog mesmo. Novas ideias, novos valores, novo conteúdo.

O Qintah não mais existe, não poderia acontecer, mas seu jardim sempre nos rodeia quando estamos juntos. O Qintah foi uma criação minha e de dois amigos. Serão sempre ótimas lembranças, talvez algumas das melhores que eu possa ter como pessoa e como isso definiu tantos anos de história. De certa forma, o Qintah não ocorre mais, mas posso trazer ele de volta a vida se me dedicar. Quem sabe, possa estender o Qintah a mais pessoas - a internet é muito grande de qualquer forma.

Voltei com o blog. Texto confuso. Ideias jogadas. Pensamentos digitados.
Vou novamente cuidar desse jardim.

Primeira coisa: Nymus é a Filha do Feiticeiro, uma de minhas personagens.
Segunda coisa: Deuses, preciso mudar esse layout.