domingo, 12 de outubro de 2014

Pensamentos

"Algumas vezes, eu observava que a beleza de certas situações não se media pelo meu nível de vaidade. Bem longe disso. Na verdade, eu não deveria medir nada. A situação tinha surgido, eu não desgostava daquela criança, mas também, não podia suportar uma atitude como aquela. Havia certeza errada e uma atitude que era realmente equivocada. Me perguntava o quanto eu poderia suportar, quanto poderia lidar. Os olhos eram maliciosos, cheios de afronta. Quando eu respondi, eu usei tudo o que aprendi quando conheci pessoas que não fizeram as coisas certas na vida, foi como eles que eu falei com uma criança e então, ele tremeu. Em algum lugar, um instinto de sobrevivência apareceu, eu sabia porque ele cheirava a isso. Ele arregalou os olhos e,  por segundos calculados, considerou cada palavra dita da forma mais cruel possível. Quando eu me virei, foi que ele começou com as provocações, incapaz de ser direto, e eu voltei a reagir da mesma forma, o tom baixo que eu não utilizava em muito tempo. Então, assim como para ele, foi para mim também, aquele estalo que indicava o nível da situação. Foi um click de o que você pensa que está fazendo? não poderia ser assim, não poderia ser dessa forma. Estou treinando o amor e a calma, como poderia reagir assim? por que jogar tudo no lixo, meses de tratamento e de ponto de vista melhores. Talvez eu devesse ter posto meu nome na caixa de vibrações, talvez tudo sido gerado por mim. O encontro e o debate com a violência só geraria mais violência. Enquanto eu encarava a criança que fugia do meu olhar, notei que a situação havia ficado insuportável mas que poderia ser concertada. Não quis piorar mais, falei com o mesmo tom, ainda do jeito que aquelas pessoas haviam ensinado e falei a verdade a criança. Que eu tinha me preocupado com a situação dele, que tinha me interessado em ver ele melhorar, que pedira ajuda para a situação dele e que tudo o que recebi de volta foi hostilidade. Ele me encarou surpreso e descrente com as minhas afirmações.  Falei é triste que aja assim, esfaqueando por trás quem quer te ajudar, faz o seguinte, continua sem mim porque eu não gosto disso e não ajudo mais porque não merece. Ele abaixou a cabeça e eu sentei na minha mesa e pensei sobre o que tinha acontecido. Pensei sobre isso e aprendi um pouco mais sobre mim. Queria que o mundo fosse um lugar melhor, mas ele é justo com quem é justo e violento com quem é violento. Tudo na mesma moeda, tudo do mesmo jeito. Justiça por justiça, violência por violência. Queria que essa criança compreendesse isso. No entanto, ele não se importa. E eu, infelizmente, sim."

Libertação desses pensamentos porque isso está me matando.
Talvez quando eu ler isso no futuro, eu não pense que tenha sido tão errado como eu acho que foi.

Faz tanto tempo que não pensava nesse passado nefasto, as vezes eu me assusto com o quanto eu lembro e o quanto eu posso reproduzir de tudo o que aprendi. Ao menos, não aprendi só coisas ruins, muitas foram boas e outras revoltantes. Deve ser por isso que tenho pouca tolerância sobre o que as pessoas acham de coisas que elas acham que sabem a respeito.


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